A MULHER NEGRA, O MERCADO DE TRABALHO E O ACESSO À DIREITOS

Autores

Palavras-chave:

Mulher-negra; Racismo; Uberização.

Resumo

A divisão social de classes, decorrente do sistema capitalista, permitiu o ingresso das mulheres no mercado de trabalho de forma secundária. No contexto da apropriação do machismo aliado ao racismo estrutural, a inserção das mulheres na produtividade capitalista não aconteceu de forma homogênea. Às mulheres negras restou reservado o trabalho subsidiário, definido em sua maioria pelo serviço doméstico e demais atividades classificadas como desprestigiadas socialmente, referenciado pelo período pré-abolicionista. Por essa razão, o presente estudo tem como objetivo analisar a incorporação das mulheres negras no mercado de trabalho formal e informal, considerando a valorização do trabalho humano como desdobramento do direito social ao trabalho. Como pergunta-problema, busca responder: em que medida a valorização do trabalho da mulher negra avançou em termos de efetivação dos direitos dispostos no texto constitucional? Para tanto, estruturou-se o estudo em três seções, a saber: 1) a incorporação da mulher negra no mercado de trabalho; 2) o racismo e a visibilidade das mulheres negras no trabalho formal; e 3) a uberização e as mulheres negras nas relações de trabalho no Brasil. Metodologicamente, utilizou-se o método dedutivo, em conjunto com a pesquisa bibliográfica, fazendo uso de obras de Lélia Gonzalez e demais autores. Constatou-se que o amparo às formalidades legais no ordenamento jurídico vigente, no que tange à inserção de mulheres negras no mercado laboral, não implicou efeitos significativos ao trabalho dessas mulheres, conforme os ditames da justiça social tutelados na Constituição Federal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AZEVEDO, T. A. G. Fascismo contemporâneo: uma análise sobre a possibilidade da existência de práticas fascistas na contemporaneidade, à luz da teoria de Michel Foucault. In: XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 26., 2017, São Luís. Anais [...]. São Luís: Filosofia do Direito, 2017.

BOURDIEU, P. A dominação masculina – A condição feminina e a violência simbólica. 1a ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.

CARVALHO, M.; SANTOS, W. A mulher preta no mundo do trabalho brasileiro: entre a sujeição e o prestígio social. Revista Fim do Mundo, n. 4, jan.-abril, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.36311/2675-3871.2021.v2n4.p176-201. Acesso em: 20 dez. 2022.

DAVIS, A. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2016.

EVANGELO, N. S.; OLIVEIRA, F. C. R. M. de. A Experiência Negra de Ranqueamento Social na Uber: Uma Reflexão Racializada da Vigilância Contemporânea. Comunicação e sociedade [Online], 39, 2021. Disponível em: http://journals.openedition.org/cs/5004. Acesso em: 20 dez. 2022.

FEIJÓ, J. A participação das mulheres negras no mercado de trabalho. 2022. Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/participacao-das-mulheres-negras-no-mercado-de-trabalho. Acesso em: 28 dez. 2022.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. Curso dado no Collège de. France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008

GONZALES, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, p. 223-244. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5509709/mod_resource/content/0/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf>. Acesso em 20 dez. 2022.

GUIMARÃES, S. S.; VERBIRACO, L. Mulheres negras e o mercado de traba-lho em tempos de pandemia no Brasil. 2020. Disponível em: https://www.filosofas.org/post/mulheres-negras-e-o-mercado-de-trabalho-em-tempos-da-pandemia-no-brasil. Acesso em: 29 dez. 2022.

IBGE. Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil. 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101681. Acesso em: 29 dez. 2022.

ONU MULHERES. Mulheres Negras agem para enfrentar o racismo na pandemia Covid-19 e garantir direitos da população negra no “novo normal”. Brasília, DF. 2020. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/noticias/mulheres-negras-agem-para-enfrentar-o-racismo-na-pandemia-covid-19-e-garantir-direitos-da-populacao-negra-no-novo-normal/. Data de acesso: 8 out. 2022.

RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das letras, 2019.

SERAFIM, D. A negação do racismo e o mito da democracia racial, 2021. Disponível em: https://movimentorevista.com.br/2021/04/a-negacao-do-racismo-e-o-mito-da-democracia-racial/. Acessado em: 29 dez. 2022.

SILVA, F. T. Reforma trabalhista: emprego, tempo e história. In: História do trabalho: entre debates, caminhos e encruzilhadas. 1 ed. Jundiaí-SP: Paco Editorial, 2019.

VIEIRA, B. Mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro: um balan-ço das políticas públicas. 2017. Disponível em: https://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1499353872_ARQUIVO_Mulheresnegrasnomercadodetrabalhobrasileiro.pdf. Acesso em: 28 dez. 2022

Downloads

Publicado

2024-01-24

Como Citar

KEISE DE SOUZA DAVID, J.; AIRES ALENCAR FERREIRA, L.; MOREIRA ALEXANDRINO, T. A MULHER NEGRA, O MERCADO DE TRABALHO E O ACESSO À DIREITOS. Revista da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 1, n. 34, p. 78–96, 2024. Disponível em: https://revistadpers.emnuvens.com.br/defensoria/article/view/604. Acesso em: 19 set. 2024.